quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Núvem

Tinha uma nuvem pairando no ar.
Era estranha, meio acinzentada, com ar de superioridade e estável.
Ficava lá, parada, esperando alguém reagir. Ninguém fez nada pra tira-la de lá então ela simplesmente ficou.

No passar dos dias, ela apresentava algumas mudanças de comportamento, as vezes tentava se expressar com ruídos, ou as vezes mudava sua forma para algo engraçado. Raramente se movia, somente quando lhe era necessário, ou quando eu passava a mão por ela para fazer cócegas.
Certa manhã acordei e vi que a nuvem estava num canto, cabisbaixa, esperando talvez algum consolo, ou só mesmo queria chamar a atenção. Reparei que estava mais negra. Percebi que estava morrendo, e tentei ajuda-la. Todas as minhas tentativas de reanima-la foram em vão. Fui longe, busquei ajuda, informações, ninguém sabia resolver aquele problema.

Quando a nuvem pôs-se a falar, me assustei. Me contara que outrora fora vermelha, representava um certo tipo de amor. Me contou também que estava pra morrer, e que pra permanecer viva necessitava de uma outra nuvem, com mesmo significado, que pudesse fazer com ela um par.

Sussurando, já quase falecida, aquela nuvem dizia 'por favor, me salve, devolva o meu amor...'

E ficou ali, estática, o sentimento fúnebre se espalhara no ambiente. Tudo que pude fazer foi chorar.

sábado, 7 de janeiro de 2012

E ele acordou..

E acordou do sono em meio a madrugada. Chovia forte, as gotas d'água batiam forte na janela.
Tivera um sonho estranho, não se lembrava muito bem na verdade. Sabia que foi bom, sabia que talvez a pior coisa que fez em tempos fora despertar daquele sono profundo. No sonho tudo parecia mais bonito. Haviam aquelas pessoas pelas quais ele desejava companhia, e não havia nada de ruim. Nada de distâncias ou saudades, havia sim um conforto. Talvez sonhar pra ele, naquele momento, fosse o ideal.
Levantou e tomou um copo de suco, estava ainda meio confuso em relação aos pensamentos. Por um lado aquela vontade de voltar a viver aquele sonho, e por outro aquela certeza de que só em sonho tudo seria daquele jeito. Na verdade, nada mais estava certo em sua cabeça. O adeus fora pesado demais. Deitou novamente na cama e fechou os olhos. Tentou em vão dormir novamente. A chuva continuava pesada, martelando na cabeça idéias de pressão e angústia. A chuva o angustiava. Procurou pensar no sonho, e descobriu que não tinha mais nada sobre ele na cabeça. Entrou em desespero, precisava daquele sonho, queria viver aquilo. Nada adiantou. Voltou para a cama e adormeceu.
E aquela chuva em seu pensamento nunca mais deixou de cair.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Medo De Escuro

Convenhamos, todos nós já tivemos medo de escuro. Esse medo, se reflete no medo de solidão. Temos medo de ficar sozinhos. Solidão é uma palavra forte, cheia de trapaças e indiretas, onde você e o seu eu-interior disputam uma frase de conforto localizada no meio de seu pensamento.
Para explicar melhor, medo de 'escuro' nada mais é do que vazio. Medo de vazio. Vazio no peito, na alma. No pensamento. Dai que saem os grandes pensamentos. Em uma mente vazia, sozinha, várias coisas tornam-se prioridade, e essas prioridades por sua vez são responsáveis por tornar tudo um caos.



Ninguém gosta de ficar sozinho. E não to falando sozinho, no sentido literal. Acho que um sentimento de peito vazio explica o que eu quero dizer. E nada mais se justifica. Nada mais importa. Momentos de angustia intensa se tornam normais, marcam presença de maneira tão forte que em certos momentos falta ar. E ai sim que sentimos o vazio, a solidão. Busca por amparo, todos fazemos.

Busca por razão.
Busca por sorrisos, nem que sejam falsos.
Busca por algo maior.
Busca pra provar pra nós mesmos que podemos ficar bem, que tudo vai ficar bem. Mesmo não sendo assim.

Solidão, vazio, angustia.
Pra mim, já é tudo sinônimo.